sábado, 17 de maio de 2014

A naturalidade da beleza.


O que é ser bonito? O que é uma mulher bonita? Você se acha bonita? O que mudaria em você para ficar mais bonito?
São perguntas aparentemente simples, mas a depender de quem está sendo perguntado, pode trazer um misto de emoções. 
Sendo a escritora desse blog uma mulher vou focar na beleza feminina, pois acredito que é amorfa e indefinida, pois seu padrão muda ao logo dos tempos.
Desde que o mundo é mundo escolhemos um padrão, uma normalidade para enquadrar determinados conceitos, a beleza não ficou de fora. Se durante o período renascentista curvas e dobrinhas eram exaltadas nas pinturas e literaturas, hoje já se encaixa como feio e fora do padrão. Uma mulher com dobrinhas e curvas exuberantes (a típica gordinha) era o auge da sensualidade, pois aquela mulher era bem nutrida, se alimentava com frequência e por isso, uma genitora saudável para os descendentes de seu Senhor marido, mulheres esquálidas eram fracas demais para segurar uma gestação, visto a mortalidade infantil era altíssima durantes muitos séculos da evolução da humanidade.
Hoje não vemos isso, o padrão de beleza feminino não é mais definido somente pelos homens e sim por nós mulheres também, que aos fomos ganhando a liberdade de escolher o que fazemos com nossas vidas e corpos. Até a década de 80, na qual eu nasci, a beleza era aquela que vinha naturalmente com você, ou você nascia harmonicamente belo, ou não. As mulheres com curvas eram bonitas, seios pequenos e firmes, bumbum, coxas, barriga,mas tinha que ser naturalmente seu. Muitas mulheres ficavam sim frustadas por não se adequar a esse padrão, mas não eram tantas, por que os requisitos para pertencer a esse padrão eram maiores e praticamente quase todo mundo se encaixava em algum item. 
Bem aí chega a década de 90 e com o avanço da medicina, se ampliam procedimentos cirúrgicos e estéticos todo mundo pode consertar o que não acha bonito desde que tenha dinheiro. Quem não tem bunda, compra uma, quem não tem peito, compra dois, quem tem seu nariz de batatinha, raspa ele na mesa de cirurgia. Então surge a beleza fabricada...
Mulheres correndo para alcançar padrões e modas que chegam a beirar o absurdo. Se dizem por aí que ossos a vista é bonito, para mim, mulheres desnutridas são dignas de pena e ajuda humanitária. As modelos em sua maioria, são magras porque tem uma predisposição genética para isso. geralmente começam muito jovens e ainda em formação de seus corpos. Mas o tempo passa e as meninas se tornam mulheres, e cheias de hormônios precisam manter aquele corpo magro, para que sua carreira seu sucesso se prologue ainda mais. Precisam cortar qualquer coisas que as façam engordar... muitas sem preparo ou assistência emocional acabam cortando sua alimentação completamente, dando vazão para transtornos alimentares como anorexia e bulimia.
Modelos são cabides vivos para roupas e rostos marcantes para vender. Precisam impactar para você comprar aquele produto. Não digo que são feias ou bonitas, mas é uma profissão que precisa de um biotipo, não pode ser enxergado como um padrão de beleza feminino, pois nem todas as menininhas adolescentes que admiram a Gisele Bündchen ficarão igual a ela.
Outra opção de beleza que nosso país vende é as mulheres-fruta/panicat: tem que ter tudo ÃO, peitão, bundão, coxão, pernão, gogozão, e uma barriga negativa (aquela barriga que de tão sequinha, parece que tá invertida). Vamos admitir que todos esses ÃOS não vem de nascença, você pode ter bundão, mas nasceu de peito pequeno, ou perna fina, ou magrinha e por aí vai. Então por que não se transformar? Horas de academia podem fazer você chegar lá, mas alguns mls de silicone e suplementos alimentares... quando não chega aos extremos do uso dos anabolizantes que deixam efeitos colaterais visíveis. Posso ser sincera em dizer que acho bonito, desde que não haja exagero... mas o mundo tá apelando para o exagero, como se todos tivéssemos que entrar nessa corrida para ver o quanto você é capaz de se sacrificar, sua saúde física e mental, sua felicidade, suas vontades, para ficar bonita. Aí entra a contradição, lutamos tanto para ter liberdade e igualdade perante os homens, queimamos sutiãs, fomos para as ruas protestar contra a discriminação de gênero, para nos tornarmos escravas das beleza? Reféns do silicone ou da lipoaspiração? Prisioneiras das academias? 
Aí eu volto as questões iniciais do texto? Você já respondeu a se mesma? Querer mudar algo que incomoda no seu corpo não é pecado, o problema é o quando esse incômodo afeta a sua vida, sua tomada de decisões e sua felicidade. Por que nem sempre aquilo que achamos bonito no padrão, se encaixa com a nossa beleza. Pois é, todos nós temos algo de belo na gente é só saber valorizar, e para valorizar é preciso reconhecer e para reconhecer é preciso olhar atentamente.

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